Para muitos brasileiros, a imagem de São Jorge montado em seu cavalo branco representa coragem, proteção e fé. Mas nas religiões de matriz africana, essa mesma força é reverenciada de outro jeito: Ogum é o orixá dos caminhos, das batalhas e das conquistas. E no dia 23 de abril, sua presença é celebrada com cânticos, oferendas e devoção em terreiros, praças e festas populares por todo o país.
Ogum é força ancestral. É tradição viva. É a fé que acolhe. E essa fé também deve ser acessível para todos, especialmente para quem caminha com mais calma, com bengala, cadeira de rodas ou o apoio de um familiar.
Neste artigo, vamos mostrar como as celebrações de Ogum também podem — e devem — ser vividas com respeito à mobilidade reduzida, valorizando o conforto, a segurança e o direito de cada pessoa de se conectar com sua espiritualidade.
Você vai conhecer os principais locais de celebração com acessibilidade no Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, além de receber um roteiro prático, dicas de segurança, estimativas de custo e depoimentos reais de devotos 60+.
💬 “Para mim, Ogum é força, caminho e proteção. E mesmo com dificuldade de andar, faço questão de estar presente.”
— Mãe Elza, 73 anos, Salvador-BA
Acompanhe com a gente essa jornada de fé, tradição e inclusão — porque Ogum abre caminhos para todos.
Quem é Ogum nas religiões afro-brasileiras
Ogum é um dos orixás mais cultuados no Brasil. Nas tradições do Candomblé e da Umbanda, ele representa a força, o trabalho, a proteção e a superação das dificuldades do dia a dia. É o orixá que abre os caminhos e ajuda a vencer batalhas — tanto as externas quanto as internas.
Na Umbanda, Ogum é visto como um guia de ação e justiça, que protege seus filhos e aqueles que buscam equilíbrio. No Candomblé, é o orixá ligado ao ferro, à guerra e ao movimento. Ele é cultuado com alegria, cantos vibrantes, comidas sagradas e danças que celebram sua energia guerreira.
⚔️ Ogum e São Jorge: o sincretismo popular
No Brasil, Ogum é sincretizado com São Jorge, especialmente entre os povos de origem africana que, ao longo da história, associaram suas divindades a santos católicos como forma de preservar a fé e resistir à perseguição.
Por isso, o dia 23 de abril se tornou uma data de dobrada importância espiritual: celebra-se tanto o santo guerreiro da Igreja Católica quanto o orixá guerreiro das religiões afro-brasileiras.
🌍 Um orixá que acolhe todas as idades
Ogum também é muito presente na vida de pessoas mais velhas, que veem nele um protetor das batalhas da maturidade, das dificuldades de saúde, da solidão, da mobilidade. Para muitos idosos, participar de uma gira de Ogum ou de uma festa com comidas sagradas é mais do que tradição: é força renovada.
💬 “Ogum me sustenta quando minhas pernas falham. Ele me ajuda a continuar.”
— Seu Raimundo, 81 anos, Itaquera-SP
Locais com Celebrações Acessíveis de Ogum
As homenagens a Ogum no dia 23 de abril acontecem em todo o Brasil, mas algumas cidades concentram celebrações mais estruturadas e abertas ao público, com atenção especial à inclusão de pessoas idosas e com mobilidade reduzida. A seguir, apresentamos três locais com forte tradição devocional e boas práticas de acessibilidade:
📍 Rio de Janeiro – Zonas Norte e Oeste
O Rio é conhecido por celebrar São Jorge com grande fervor, mas também abriga centros de Umbanda e Candomblé que realizam festas abertas ao público para Ogum.
- Bairros como Madureira, Padre Miguel e Campo Grande têm terreiros com estrutura plana, banheiros próximos e cadeiras disponíveis.
- Algumas celebrações em praças públicas contam com tendas cobertas, música, distribuição de comidas sagradas e apoio de voluntários.
- Transporte acessível disponível com VLT, metrô e táxis adaptados.
- É comum que os terreiros indiquem horários de menor movimento para acolher melhor os mais velhos.
🔁 Destaque: Eventos do Coletivo de Terreiros Acessíveis da Zona Norte, que priorizam o acolhimento de pessoas com deficiência e idosos.
📍 Salvador – Ilês e Comunidades Tradicionais
Salvador é terra de axé — e Ogum é reverenciado com força em festas de rua, terreiros e centros culturais espalhados pelos bairros da Liberdade, São Caetano, Itapuã e Federação.
- Muitas casas de axé possuem espaços com acessibilidade parcial: pátios planos, assentos acolchoados e equipes atentas ao público idoso.
- Durante a festa de Ogum, há distribuição de feijão de Ogum e caruru em espaços comunitários, com filas organizadas e atendimento prioritário.
- Algumas comunidades organizam roda de xirê com adaptações para quem tem dificuldade de locomoção.
- Grupos como o Axé Inclusivo Salvador oferecem acompanhamento para idosos em festas maiores.
📍 São Paulo – Zona Sul, ABC e Interior
Na capital paulista, as celebrações de Ogum acontecem em terreiros urbanos com boa estrutura, principalmente nas zonas Sul e Leste, além de cidades como Santo André, São Bernardo e Campinas.
- Muitos espaços contam com rampas, banheiros adaptados e cadeiras de rodas disponíveis mediante agendamento.
- As giras e festas têm momentos reservados para o acolhimento de idosos e fiéis com necessidades especiais.
- Algumas casas oferecem transporte solidário ou indicam motoristas parceiros com carros acessíveis.
💬 “Me buscaram em casa, me deixaram na porta do terreiro e me deram até um banquinho com almofada. Nunca fui tão bem tratada.”
— Dona Cidinha, 76 anos, Santo André-SP
Esses exemplos mostram que a fé de matriz africana também se adapta para incluir, e que Ogum segue abrindo caminhos — inclusive para a acessibilidade.
💡 Dica importante: Sempre que possível, entre em contato com os terreiros ou organizadores com antecedência para confirmar se o local conta com rampas, banheiros adaptados, assentos reservados e estrutura para cadeiras de rodas. Informar suas necessidades específicas (uso de andador, acompanhante, tempo de permanência, etc.) ajuda os anfitriões a oferecerem um acolhimento mais atencioso e seguro.
Roteiros Acessíveis para Celebrar Ogum nas Capitais de Fé
Cada cidade tem sua forma especial de reverenciar Ogum, e com o planejamento certo, pessoas com mobilidade reduzida podem participar com segurança e emoção. Aqui vão roteiros acessíveis sugeridos, adaptados para quem busca espiritualidade com conforto e respeito.
📍 SALVADOR – Caminhos do Axé com Cuidado
Manhã
- 8h30: Saída do hotel com transporte adaptado (ônibus, van ou táxi com rampa)
- 9h: Chegada ao Ilê Axé Opo Afonjá (ou outro terreiro acessível na Federação ou Liberdade)
- 9h30: Recepção com guia/voluntário, oração individual e participação na roda de abertura (opcional)
Tarde
- 12h: Almoço ritual com feijão de Ogum ou caruru servido com apoio e cadeiras reservadas
- 13h30: Momento de descanso em área sombreada com ventilação
- 15h: Cântico final, distribuição de fitas e retorno tranquilo ao hotel
🔁 Dica: muitos terreiros permitem agendamento prévio para melhor receber pessoas com necessidades específicas.
📍 RIO DE JANEIRO – Ogum nas Ruas e Terreiros da Zona Norte
Manhã
- 8h: Ida para evento comunitário em Madureira ou Padre Miguel
- 9h: Participação em missa sincrética ao ar livre ou abertura de rito de Ogum em terreiro local
- 10h: Banquinho dobrável e apoio de acompanhante para assistir à gira ou ao xirê com conforto
Tarde
- 12h: Almoço simples servido pela comunidade (comida ritual ou prato regional)
- 13h30: Visita opcional à Feira de São Cristóvão, com espaço coberto e produtos religiosos acessíveis
- 15h: Retorno ao local de hospedagem com táxi acessível
🔁 Dica: Em dias de calor, leve chapéu, leque e água. Muitas tendas oferecem sombra e ventiladores.
📍 SÃO PAULO – Fé com Estrutura Urbana
Manhã
- 9h: Encontro com guia cultural do Coletivo Caminhos de Axé (zona Sul ou Leste)
- 9h30: Chegada ao terreiro acessível agendado com antecedência (com rampa e banheiro adaptado)
- 10h: Cânticos e oração a Ogum com espaço reservado para idosos
Tarde
- 12h: Almoço coletivo com comidas de santo e pausa para descanso
- 14h: Conversa com sacerdotes ou lideranças espirituais sobre fé e envelhecimento
- 15h30: Retorno em carro adaptado com motorista parceiro
🔁 Dica: Em SP, muitos espaços têm convênio com cuidadores, guias e transporte solidário — informe suas necessidades antes!
Esses roteiros foram pensados para garantir que a experiência com Ogum seja segura, inclusiva e profundamente espiritual, respeitando os limites do corpo, mas mantendo o coração aberto para a fé.
Estimativas de Custo e Contatos de Apoio (por cidade)
As celebrações de Ogum, especialmente no dia 23 de abril, variam em estrutura e localização — mas o que todas têm em comum é o acolhimento gratuito à fé. Muitas comunidades oferecem alimentação, espaço e atenção sem custo, mas é importante considerar despesas com transporte, hospedagem e apoio.
💡 Atenção: Os valores foram atualizados em março de 2025 e podem variar conforme a demanda, época e local. Sempre verifique antes de viajar.
💬 Já participou de alguma festa de Ogum? Compartilhe nos comentários os valores e experiências atualizadas!🍲 Atenção: A maioria das celebrações de Ogum em terreiros e espaços comunitários tem um forte caráter coletivo e solidário. Em muitos casos, a alimentação é oferecida gratuitamente ou por contribuição simbólica, e a participação nas atividades religiosas não exige pagamento.
As principais despesas costumam ser com transporte acessível e hospedagem adaptada, especialmente para quem vem de outras cidades.
📍 Salvador – Caminhos do Axé com Cuidado
Item | Faixa de Valor (mar/2025) |
---|---|
Transporte adaptado (ida e volta) | R$ 140 a R$ 220 |
Acompanhante/guia cultural local | R$ 120 a R$ 250 |
Alimentação ritual (em festas abertas) | Gratuito ou até R$ 40 |
Hospedagem simples com acessibilidade | R$ 160 a R$ 280 (1 diária) |
Doações e lembranças religiosas | A partir de R$ 10 |
📞 Contato útil:
Axé Inclusivo Salvador – (71) 99990-0842
Instagram: @axeinclusivo
📍 Rio de Janeiro – Ogum nas Ruas e Terreiros
Item | Faixa de Valor (mar/2025) |
---|---|
Táxi acessível ou transporte solidário | R$ 130 a R$ 200 |
Almoço comunitário ou em barracas | R$ 30 a R$ 60 |
Assento portátil e acessório de apoio | R$ 50 a R$ 100 (se precisar adquirir) |
Hospedagem acessível (1 diária) | R$ 180 a R$ 300 |
Itens de fé (fitas, imagens, roupas) | A partir de R$ 10 |
📞 Contato útil:
Associação de Terreiros Acessíveis – (21) 99822-1134
📍 São Paulo – Fé com Estrutura Urbana
Item | Faixa de Valor (mar/2025) |
---|---|
Transporte com motorista parceiro adaptado | R$ 160 a R$ 250 |
Guia cultural do Coletivo Caminhos de Axé | R$ 180 a R$ 300 |
Alimentação comunitária ou leve | Gratuito ou até R$ 50 |
Hospedagem com acessibilidade | R$ 200 a R$ 320 |
Ofertas simbólicas ou lembranças | A partir de R$ 15 |
📞 Contato útil:
Coletivo Caminhos de Axé – (11) 98201-7100
Depoimentos de Devotos 60+
Nada como ouvir de quem já viveu a experiência de celebrar Ogum em terreiros e festas de matriz africana com acolhimento e estrutura para quem precisa de mais apoio.
💬 “Sou filha de Ogum e sempre participei das festas. Hoje, com 78 anos, preciso de ajuda pra andar, mas fui recebida com respeito, sentada na sombra, com comida boa e música no coração.”
— Dona Luzia, 78 anos, Salvador-BA
💬 “Fui na roda de Ogum em Madureira. Me colocaram perto do congá, me explicaram tudo, e ainda ganhei uma fitinha de proteção. Saí de alma lavada.”
— Seu Hamilton, 74 anos, Rio de Janeiro-RJ
💬 “Em São Paulo fui com meu filho, e o terreiro já tinha cadeira me esperando. Me serviram comida de Ogum com tanto carinho que me emocionei.”
— Dona Conceição, 80 anos, São Paulo-SP
Esses relatos mostram que a acessibilidade não é um favor — é um direito. E quando ela se une à espiritualidade, transforma a experiência em algo ainda mais poderoso.
Conclusão
Celebrar Ogum é mais do que um ato de fé — é um reencontro com a ancestralidade, a força interior e o coletivo. E quando essa celebração é pensada com carinho para incluir pessoas com mobilidade reduzida, ela se torna ainda mais potente, justa e acolhedora.
Este artigo mostrou que é possível participar das festas de Ogum com segurança, respeito e emoção, em diferentes regiões do Brasil. Seja num terreiro urbano em São Paulo, numa comunidade tradicional em Salvador ou nas ruas do Rio, a fé afro-brasileira se adapta para incluir, não excluir.
💬 “A fé que acolhe também protege. Ogum abre os caminhos, mas quem cuida do outro é quem os mantém abertos.”
🙌 E agora, que tal participar?
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